Tenho incontáveis frases prontas, com características im-pres-cin-dí-veis,
descarta-las me parecia aceitar menos do que mereço e não algo além da minha
prévia imaginação. Me convencer ser feliz sem a listinha acima, me desnuda, é
abrir mão de uma casa que eu construí sozinha e recomeçar, com novos parâmetros,
uma flexibilidade que não estava no escopo.
Quando emoções novas surgem, não sei catalogá-las, ficam
todas misturadas me confundindo, não sei o que isso é. Terei de chamar de “isso”.
Um profundo d’isso que me faz completa, me esvazia do mundo, reinicia o tempo e
me enche de nós. Me cobre de plenitude e felicidade instantânea.
Um verão apoderador, me derrete, tornando-me moldável como
argila úmida, pronta para mãos que não a despedace. Entregue, em meu estado
mais raro: maleável. Largo por completo os ombros rígidos e a superioridade. Desfruto,
me lambuzo, mergulho em um orgasmo de poder, não o derivado de poderoso, mas de
me permitir. Me presentear com a liberdade de ser sorriso, largo, solto e
natural.
Andrew¹ teve duzentos anos para aprender a ter emoções e
sentidos. Eu tenho o agora. E tinha esquecido como é adorável sentir. Algo no
meu histórico me condicionou que o custo não valia o benefício. Sou mestre em
enganar a mim mesma. Os choros são recompensados por tudo isso. E isso é vida,
talvez uma das melhores partes que eu teimo ignorar.
Trilha: Circle Of Life - The Lion King
¹ Filme O Homem Bicentenário