Quando eu ainda nem sabia o que era, você me pegou pela mão e transbordou, igual café na caneca quando a gente se distrai. Que puta sorte eu tive. Era apenas uma menina-mulher sem nenhum destino e você me levou para ver as montanhas, e eu me assustei tanto com a vista, que saltei.
Senti o vento e gritei, bem alto. Não alto o suficiente para
me escutar. Esse aprendizado demorei anos para idealizar. E bem pouquinho,
ainda vivo na dúvida se o som alto vem de dentro ou da rua. Mas viajo observadora,
vai que eu tenho sorte de novo.
Dizem que Thomas fez mais de mil tentativas antes de
inventar a luz; quem sou eu para querer encontrar o que nos brilha em duas ou três
tentativas? Não é fingir que os enganos não cansam, é acreditar no pote no fim
do arco-íris, é sobre se deixar esperançar.
Novamente minha memória me levou embora, me deixou esquecer
que o sorriso é meu lugar favorito, e que ele tem trilha sonora, com voz,
violão e lençóis. Quando um novo azul mar surgir, não estarei de olhos
fechados. Acordei, e não quero dormir mais!
Trilha: Alucinação - Belchior
Nenhum comentário:
Postar um comentário