Hábito, costume, dê o nome que for, qualquer palavra, temos todos uma rotina, e algum apego a ela. Quando essa dinâmica do dia é interrompida, fica a sensação de estarmos em um cruzamento, a internet falha, o waze não atualiza, e não sabemos para que lado virar. O que eu faço agora?
Você não gosta do seu emprego, um dia é demitido, e mesmo
assim volta para casa chorando. Porque tem contas a pagar? Não, nesse momento não
é isso que te afeta; você pensa como não te valorizaram, como você é
descartável. Na manhã seguinte acorda e fala consigo mesmo: com o que
preencherei essas horas? Esse vazio é somente teu.
Gosto de me convencer que é apenas hábito, que seu bom dia e
boa noite não fazem falta. Nem era tão bom assim, repito para mim, completando:
lembre-se do ruim! Engole o choro. Isso também passa.
Faça uma lista de lições aprendidas e siga em frente. Tudo
que podemos fazer é não repetir erros; novos erros, os mesmos não. Da próxima
vez não cometerei o erro de me apaixonar. A paixão nos traz muito, mas nos tira
muito mais. Nos deixa vulnerável, irracional e permissiva/o. Nunca precisei de
paixão para ser feliz.
Dessa vez não pode durar anos para passar, eu não tenho mais
aquela saúde e disposição da juventude, terá que ser rápido. Piscou, passou! Vou
para a rua pular carnaval nem que seja na base do choro. Se não podemos parar de
trabalhar para chorar, não dá para parar de festar para chorar também. Se tiver
que ser beijo com sofrência, assim será!
Viverei as oportunidades do hoje, sem planos para o futuro,
não sei qual será meu querer amanhã. Hoje, eu quero sorrir, quero ser feliz, e quero
não lembrar como era quando você estava aqui. Eu era feliz antes de você, eu
sou feliz sem você, é que parece que faz tanto tempo que eu não vivo essa velha
rotina, que preciso reaprender como preencher, me reinventar e ser feliz sem amor.
Eu não preciso de você; mas eu ainda queria (falar no
passado é uma forma de anular o querer). Eu quero mais ainda não te querer.
Trilha: Já Pensou – Fabio Brazza
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